Manuel Sousa da Câmara (1929-1992)
Manuel Sousa da Câmara (1929-1992)

Princípios Arquitetura Paisagista de Sousa da Câmara

Dentre as profissões que trabalham para a proteção do meio ambiente salienta-se a arquitetura paisagista, pois é a única que procura sintetizar na sua atuação, todos os aspectos que permitem reduzir a entropia resultante da atividade humana. A arquitetura paisagista pode ser definida como a arte que procura aplicar os princípios científicos no planeamento, no enquadramento, na construção e na gestão da paisagem, por forma a permitir o aproveitamento racional dos recursos necessários à vida, ao bem-estar e à saúde das populações. É uma arte social apoiada nas artes visuais, nas ciências físicas e naturais e no estudo da evolução da paisagem e da sociedade.

Os que compartilharam comigo o privilégio de ter conhecido (…) Manuel Sousa da Câmara serão unânimes no reconhecimento de um papel fundamental da sua pessoa no estabelecimento de condições de consolidação e de dignificação da profissão de arquitecto paisagista na sociedade portuguesa, através daquilo que foi (…) a verdadeira refundação da profissão, da sua condição na comunidade, da sua didática, dos seus métodos e (…) do seu alcance enquanto instrumento de transformação do País.

Manuel Sousa da Câmara (1929-1992) faz parte da primeira geração de arquitetos paisagistas e introduziu grandes inovações na profissão: baseou os seus projetos numa estética de simplicidade associada à sustentabilidade do jardim, utilizando, pela primeira vez, a preocupação económica da construção e da manutenção. Para Sousa da Câmara, tanto os custos de construção como os de manutenção passaram a contar como critérios no design do jardim de forma a que este se tornasse menos dispendioso e se autossustentasse. Sousa da Câmara introduziu a informática em Portugal como ferramenta de apoio ao projeto e ao planeamento da paisagem. Em 1977 principia a docência no Instituto Superior de Agronomia (ISA) assumindo até 1981 a coordenação do Curso Livre em Arquitetura Paisagista, altura em que consegue fazer passar este curso para uma Licenciatura de cinco anos com uma estrutura curricular que inclui o ensino das ciências, das artes e das técnicas.

Durante os anos 80 consolida o ensino apresentando já aos alunos os seus programas de computador para a optimização da modulação de terreno, das redes de rega, da gestão e manutenção de parques e jardins públicos e do cálculo de taludes de autoestradas. Como pioneiro e divulgador da automatização e informatização das tarefas de projeto e planeamento da paisagem foi dos primeiros utilizadores em Portugal, no final do século XX, dos, Sistemas de Informação Geográfica ferramenta essencial para planeamento e ordenamento do território.

Como Professor do ISA marcou uma geração de arquitetos paisagistas que prosseguiram na prática, no ensino e na investigação a aplicação do conhecimento dos processos naturais ao planeamento da paisagem, dos princípios da ecologia ao design, e da quantificação dos sistemas para uma intervenção sustentável em profundo respeito pela Natureza.

 

2Cristina Castel-Branco. Professora Arquiteta Paisagista, aluna de Manuel Sousa da Câmara de 1980 a 1985 – Actual Diretora da área disciplinar de Arquitetura Paisagista no Instituto  Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa.  Maio de 2022

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Nasceu a 17 de outubro de 1929, em Lisboa. Licenciou-se em Engenharia Agronómica e concluiu o Curso Livre em 5 de julho de 1957, com a tese A Tapada Real de Vila Viçosa – Anteprojeto do seu ordenamento paisagístico. Entre 1954 e 1961 trabalhou na Direção-Geral dos Serviços Agrícolas – Repartição de Construções Agrícolas, Defesa e Conservação do Solo e, a partir desta data, na 3ª Repartição de Arborização e Jardinagem da CML, realizando projetos nas avenidas dos Estados Unidos da América e do Brasil, nos novos bairros de Lisboa, como o Bairro da Quinta da Charquinho e Bairro Padre Cruz, na Quinta do Casalinho, em parques como a Praça das Flores e a remodelação do Jardim Guerra Junqueiro e em escolas como os grupos escolares das Furnas e do Bairro Madre Deus. A sua intervenção nos acessos da nova ponte sobre o Tejo valeu-lhe um louvor da parte da CML. Em 1966 e 1971 colaborou com o Gabinete Técnico da Habitação desenvolvendo trabalho no bairro dos Olivais e em Chelas.

Depois de 1971, exerceu a arquitetura paisagista em regime de profissão liberal tendo, mais tarde, constituído um atelier. Teve uma atividade diversificada, desde os projetos de arranjos exteriores de hospitais (Santarém, Abrantes, Viseu) e hotéis (Seteais, Tivoli), do edifício da PT Picoas (incluindo os terraços), da central térmica da EDP, em Setúbal, a estudos de avaliação de impacto ambiental, sendo um inovador em métodos de engenharia biológica, no projeto assistido por computador e em sistemas de informação geográfica aplicados à arquitetura paisagista. Simultaneamente lecionou no ISA na licenciatura de arquitetura paisagista entre 1976 e 1988.

Nunes, João Ferreira. painel da exposição 70 anos, 7 décadas, 7 personalidades – manuel sousa da câmara: década de 80 -, da autoria do colectivo perspectivas, no âmbito das comemorações dos 70 anos da arquitectura paisagista em portugal. [s.l.]: [s.n.], 2012; Textos compilados por Andreia Cunha no âmbito da Dissertação de Mestrado em Arquitetura Paisagista, orientada por Sónia Azambuja em 2015

Cristina Castel-Branco. Professora Arquiteta Paisagista, aluna de Manuel Sousa da Câmara de 1980 a 1985 – Actual Diretora da área disciplinar de Arquitetura Paisagista no Instituto  Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa.  Maio de 2022

3 Araújo, Ilídio. Textos compilados por Andreia Cunha no âmbito da Dissertação de Mestrado em Arquitetura Paisagista, orientada por Sónia Azambuja em 2015

4 Camara, Teresa Bettencourt. Espaço público de Lisboa. Plano, projeto e obra da primeira geração de arquitetos paisagistas (1950-1970). Câmara Municipal de Lisboa, 2021

1 - SALA DE REUNIÕES NO ATELIER - GABINETE DE PROJECTOS SOUSA DA CÂMARA (GPSC) - onde decorriam algumas aulas de Projeto e História de Arte.
2 - COMPUTADOR WANG (ANOS 80) – onde Sousa da Câmara programava e ensinava computação aos alunos.
3 - MANUEL SOUSA DA CÂMARA - numa visita a uma obra da sua autoria nas Escarpas de Santos Nicolau em Setúbal – 1988
Manuel Sousa da Câmara na Tapada das Necessidades. Foto anónima da decada de 60 sec XX
Currículo de Sousa da Câmara
Teste de Arquitetura Paisagista, 1985
Abaixo assinados dos alunos de AP 1985
“Aprendi a olhar as coisas como paisagista. Como tinha feito o curso de Arquiteto Paisagista em dois anos não tinha feito as viagens com o Professor Caldeira Cabral para aprender a ver: isto está mal, aquilo está bem, e ao trabalhar com o Sousa da Câmara passei a saber interpretar melhor a paisagem” Ilídio de Araújo

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